logo olimpiadas RioDepois de ter sido garantida como uma das sedes da Copa do Mundo de Futebol de 2014, a cidade do Rio de Janeiro acaba de ser escolhida como sede dos Jogos Olímpicos de 2016.  Sem dúvida é uma grande conquista para a cidade e para o país, mas quais serão as consequências para o mercado de turismo de negócios?

Quais serão os reflexos para quem pretendia fazer um evento no Rio nessa mesma época? Em que pé vai ficar quem mora e trabalha em outra cidade e precisar participar de uma reunião de negócios na Cidade Maravilhosa na época dos Jogos Olímpicos? Quem precisar se hospedar na cidade nessa época vai conseguir lugar? E os aeroportos, como vão ficar? Quanto é que os jogos vão inflacionar os custos relacionados às viagens de negócios e eventos, que na cidade ficam bem acima da média nacional?

Na verdade, essas já são preocupações para dois anos antes, quando o Rio de Janeiro será uma das sedes da Copa do Mundo de Futebol.  Vamos considerar alguns aspectos:

Hospedagem

Até a Copa, a cidade deve ganhar poucos hotéis novos e só deve ter o retorno ao mercado da oferta das unidades hoteleiras do Hotel Glória e do ex-Meridien Copacabana. Segundo os hoteleiros, nos bairros onde haveria maior dem,anda, como Copacabana, Ipanema, Leblon, Botafogo, etc. os terrenos são muito caros e as licenças difíceis de ser conseguidas, enquanto que na região da Barra da Tijuca e Jacarepaguá, se isso não acontece, a procura tende a ser mais concentrada em função do calendário de feiras do Riocentro.

A estrutura do antigo hotel Nacional, em São Conrado, com seus 510 apartamentos, vai a leilão no próximo dia 4 de novembro, mas, em função do projeto e da conservação, quase com certeza é um daqueles casos em que “o molho vai custar bem mais caro do que o frango”, se é que alguma empresa vá achar um projeto lá viável.

Com oferta escassa e demanda aquecida, os preços das diárias devem aumentar acima da inflação. É a velha lei da oferta e demanda, que também vai valer para os espaços para eventos e reuniões. Já se pode prever um movimento das empresas que precisam ter negócios no Rio nas épocas dos dois grandes eventos em direção de locação e até mesmo compra de flats e apartamentos.

Transporte aéreo

Para o aeroporto do Galeão, a realização da Copa e dos Jogos Olímpicos não deve apresentar grandes problemas, pois, apesar das instalações antigas, o aeroporto é sub-utilizado. Claro que vão aparecer sobrecargas, mas nada excepcional, inclusive porque já existem obras programadas pela Infraero.

Já o aeroporto Santos Dumont muito provavelmente vai ter problemas, principalmente se continuar como hoje, com um pé moderno e o outro nos anos sessenta. Atualmente, quem vai de um lado para outro nesse aeroporto passa por um verdadeiro túnel do tempo. Existem obras prometidas faz tempo, mas basta dar uma olhada no prédio do aeroporto para notar que ainda existem marcas do incêndio de (pasmem!) 1998, portanto não vale a pena ter muitas esperanças.

Considerando que o aeroporto de São Paulo/Guarulhos é – e vai continuar sendo – o destino da maioria absoluta dos vôos internacionais que vêm para o Brasil e que saem do país, os usuários desse aeroporto podem esperar um grande aumento no volume de tráfego de passageiros internacionais e nas conexões São Paulo/Rio, tanto via Guarulhos quanto via Congonhas, no inicio e no final das Olimpíadas. Durante a Copa, em que grandes quantidades de pessoas se deslocam de uma cidade para outra acompanhando a seleção de um determinado país, os dois aeroportos de São Paulo tendem a ser mais penalizados pelo seu papel de “hubs”, num país que ainda tem poucos vôos diretos.

Transporte terrestre

Quem precisar se locomover no Rio de Janeiro na época da Copa e dos Jogos Olímpicos já pode se preparar para estudar mapas, sair antes para seus compromissos e a marcar compromissos com grande espaço de tempo entre si, para acomodar as demoras que o acréscimo de visitantes deverão gerar. Nada muito estranho para quem, mora em São Paulo, no entanto.

Embora os locais das competições sejam na maioria mais afastados do eixo por onde corre o Metrô do Rio, vale lembrar que muitos dos visitantes ficarão hospedados em hotéis em bairros ao longo de parte desse eixo, o que pode implicar em sobrecarga para o sistema. Quanto a táxis, ao menos nos horários de maior fluxo de turistas, é melhor esquecer. Por mais que o transporte coletivo seja estimulado para os moradores e os milhares e milhares de visitantes, não é razoável se achar que o transporte individual vá ser deixado de lado.

A&B

Evidentemente tanto as Olimpíadas quanto a Copa irão encher restaurantes e espaços para eventos. Encher e muito provavelmente inflacionar, já que os consumidores deverão ser na maioria turistas estrangeiros movidos a euros, dólares e iens, além de – em grande parte – patrocinados no todo ou em parte por empresas, cujas promoções, programas de relações públicas e programas de incentivo costumam despejar milhões nesse tipo de eventos.

Reflexos positivos

Se terão reflexos negativos para o mercado de viagens corporativas, tanto a Copa quanto as Olimpíadas certamente também vão trazer muitos benefícios. E com a vantagem que os problemas serão localizados e por um tempo determinado, enquanto que os benefícios serão a longo prazo e serão sentidos em outros mercados.

Esses eventos deixarão como legado desde a maior profissionalização de serviços de turismo receptivo até a melhor qualificação da mão de obras de turismo e eventos, passando por tecnologia de shows e iluminação, infraestrutura de transportes, comunicação, serviços, etc., melhorias em portos e aeroportos, até a maior divulgação do país, que se refletirá num maior afluxo de turistas estrangeiros, mais exigentes que os brasileiros, que obrigarão toda a infraestrutura do turismo a se aperfeiçoar.

Como disse hoje o Presidente da República, o Rio de Janeiro ganhou porque apresentou o melhor projeto técnico para sediar as Olimpíadas. Aprender a preparar um projeto à altura das exigências de organismos exigentes como a FIFA e o Comitê Olímpico Internacional já é uma lição de valor inestimável, que logo vai se refletir nas propostas para conquista de congressos e eventos e até de negócios internacionais que não estão relacionados com o turismo.