Segundo tempo: impressões do viajante

A primeira impressão que se tem ao chegar pela primeira vez ao Egito é da onipresença do deserto e da sua areia, que está por todo lado. Antes mesmo de chegar, basta olhar pela janela do avião que essa impressão já bate forte. Do alto, as ondulações e a ausência quase que absoluta de cidades e vegetação lembram a imagem de um oceano.

No chão, bate forte a sensação de que a regra é o deserto. As cidades são a exceção. A areia domina, seja fisicamente, em praticamente quase todas as superfícies ou nas cores. Se as cores pastel tiveram um berço, quase com certeza foi aqui.

O verde, mesmo às margens do mítico rio Nilo, leva uma camada de bege. O rio, que corta e praticamente divide o país de Norte a Sul, confirma a frase do historiador grego Heródoto, que cinco séculos antes de Cristo afirmava que “o Egito era uma dádiva do Nilo”.

As milenares falucas são uma maneira original de conhecer o rio Nilo - foto Viagens de Fé

Alguns quilômetros à sua direita e esquerda, plantações tiram proveito da água e dos nutrientes deixados no solo pelas enchentes. Passado esse cinturão, o deserto e o calor voltam a dominar. E num ambiente desses, a sobrevivência do homem é uma batalha diária.

Por isso mesmo, a segunda impressão que fica é de respeito e admiração a esse povo humilde e batalhador, que há milênios convive com a areia e o calor. Extremamente amistosos e hospitaleiros, os egípcios cativam pela cordialidade e pela simplicidade.

No interior e um pouco menos nas grandes cidades, adultos, crianças, idosos, homens e mulheres, sem distinção, observam, sorriem e acenam para o visitante, superando a barreira da língua.

Se houver oportunidade, logo surge um convite para um café ou um chá, sempre fumegantes, independentemente da temperatura do ambiente.

A minha primeira reação seria pediu uma água gelada ou um refrigerante, mas resolvo encarar a nova experiência. Surpreendentemente, um café quente tomado num calor daqueles “de rachar coquinhos” acaba sendo refrescante. Aprendi mais uma!

Se sorrir e acenar já cria uma ponte, aprender e usar algumas palavras em árabe faz milagres. Não é preciso ir muito longe. Um “Salam” (olá), contração de “Salam aleikum” (a paz esteja com você) e um “Shukram” (obrigado) já ajudam muito.

A ideia não é exibir os dotes linguísticos, mas mostrar que se respeita e se importa em agradar quem nos recebe falando algumas poucas palavras na sua própria língua.

Os hotéis mais sofisticados no Egito assam os pães em fornos à vista dos hóspedes

Os hotéis mais sofisticados do Cairo assam os pães em fornos à vista dos hóspedes

A oferta comida é farta e variada, com pratos saborosos que seguem a tradição árabe. O uso de temperos mais fortes é cuidadoso e o turista não corre o risco de estranhar.

A tentação de experimentar a comida na rua é grande, mas é melhor se restringir aos restaurantes e lanchonetes. O conselho não é meu, é dos anfitriões egípcios.

Talvez a única precaução mais séria seja em relação à água, o que explica o uso generalizado de água mineral. Nos hotéis garrafas de água mineral são oferecida como cortesia nos apartamentos e é bastante comum ver garrafas de 1,5 litro serem levadas para as mesas das famílias nos restaurantes.

O câmbio é bastante favorável, o que torna o preço da hospedagem, da alimentação e até das lembranças para trazer para casa muito acessíveis. Comprar pode ser muito divertido para quem resolver testar o costume árabe de negociar.

É difícil resistir à variada oferta de souvenires no Egito

É difícil resistir à variada oferta de souvenires

No caso dos vendedores de suvenires que infestam as atrações turísticas, o primeiro preço pedido cai rapidamente pela metade ou até menos. Lembra muito o comportamento dos vendedores que, em São Paulo, aproveitam os semáforos para vender seus produtos: “Vai chocolate, doutor? Três por R$10. Quatro por R$10, tá bom? Tudo bem, cinco por R$10.”

Nas atrações egípcias os chocolates são substituídos por lenços, miniaturas de pirâmides, reproduções toscas de artefatos encontrados nas pirâmides, pergaminhos “legítimos” e muito mais, sempre com uma estória triste para acompanhar, disparada na língua que acharem que você entende. O preço diminui na exata proporção do seu desinteresse.

Nas lojas isso já não funciona. A grande pedida para trazer para casa presentes e lembranças diferentes é fugir das especializadas em artigos para turistas e explorar as destinadas aos próprios egípcios.

Em momento algum é possível esquecer que se está em uma sociedade conservadora e árabe. É extremamente raro ver uma mulher com os cabelos descobertos e nos numerosos cafés, espalhados por todos os cantos da cidade e freqüentados a qualquer hora do dia, o público é exclusivamente masculino.

Cairo, a capital, é uma megalópole de dezessete milhões de habitantes que mistura bairros modernos que poderiam estar facilmente em qualquer capital europeia, outros mais antigos e outros ainda definitivamente pobres.

Grandes avenidas, viadutos, vias expressas e muitas pontes sobre o Nilo, que a corta ao meio, facilitam a circulação dos habitantes, com o auxílio de um metrô de superfície, ônibus multicoloridos, micro-ônibus e um número aparentemente infindável de vans.

Alheios a esse lado moderno, numerosas charretes puxadas por burricos e triciclos de carga circulam pela cidade toda com tranquilidade, como se estivessem em uma cidadezinha do interior.

A estrutura de hospedagem é excelente e inclui um bom número de hotéis de quatro e cinco estrelas das melhores cadeias internacionais, o que é garantia de um elevado padrão de hospedagem, serviços e alimentação. A oferta de DMCs e operadoras turísticas é bem ampla, assim como a de empresas de transporte executivo.

Atrações

A oferta de locais diferenciados para eventos é ampla e variada no Egito

A oferta de locais diferenciados para eventos é ampla e variada

Talvez o mais conhecido símbolo do Egito em todo o mundo, as pirâmides que serviram de túmulos para os faraós Quéops, Kéfrem e Miquerinos, localizadas em Gizé, subúrbio da cidade do Cairo, hoje estão praticamente rodeadas pela cidade.
Além de impressionarem pela sua magnitude e engenhosidade, elas proporcionam uma oportunidade para um passeio de camelo, figurinha carimbada do roteiro dos turistas que visitam o Egito.

Um local que não pode deixar de ser visitado no Cairo é o Museu Egípcio, onde está reunido o amplo acervo que documenta detalhadamente a vida dos egípcios no tempo dos faraós. Entre milhares de artefatos, impressionam os riquíssimos encontrados no túmulo do faraó Tutankamon.

Até o engraxate do hotel com seu traje típico é um plus para as viagens de incentivo

Até o engraxate do hotel com seu traje típico é um plus para as viagens de incentivo

Uma pedida essencial é uma visita a Luxor, capital do Egito na época dos faraós e, por isso mesmo, local de uma coleção riquíssima de templos, monumentos e tumbas. Além disso, é de lá que partem os cruzeiros fluviais e percorrem o rio Nilo até Abu Simbel, onde valiosos templos esperam o visitante.

Em resumo, uma viagem fascinante, que merece ser feita mesmo pelo viajante mais experiente. O Egito é um destino que convida a explorar e deixa gosto de quero mais. Vale a pena considerá-lo na hora de escolher o destino de uma viagem de incentivo exótica e culturalmente muito rica.