Caros leitores,

O CEO da MSC Cruzeiros esteve no Brasil esta semana e disse que “o Brasil certamente se tornará um destino líder o ano todo se houver diálogo sobre essas questões com todos aqueles que desejam participar e incrementar a economia das cidades em que os navios fazem e ainda podem fazer escalas”, defendendo investimentos, flexibilização da legislação e diminuição das taxas portuárias para os navios de cruzeiro.

Não dá para discordar que ainda existe muita coisa a melhorar no mundo dos cruzeiros no Brasil: a maioria dos portos tem instalações pra lá de precárias tanto para os navios quanto (principalmente) para os passageiros, as taxas de embarque são muito caras e o investimento em infraestutura é escasso, apesar das promessas repetitivas de políticos em todos os níveis.

Apesar do grande interesse das empresas de cruzeiros em oferecer novas escalas em seus cruzeiros pela costa brasileira (afinal, quem é que não gosta de novidades?), as chances de haver grandes novidades a curto prazo são remotas. Existe interesse de muitas cidades, estados e portos em receber os navios, seus passageiros e o dinheiro que uns e outros deixam no destino, mas firme disposição de investir, só em raros e honrosos casos.

O reflexo disso é a eliminação de escalas, como já aconteceu na última temporada. A solução para isso seria a iniciativa privada ser autorizada a investir em instalações específicas ou, então, o governo lançar parcerias público-privadas para isso. E o governo deixar de atrapalhar, claro, mas isso vale para todos os segmentos da economia.

Mas, daí para se falar em oferecer vaiagens de navio pela costa do Brasil o ano todo e em “ser um destino lider”, vai uma grande distância – e das boas. As razões são basicamente duas: pouca ou nenhuma disponibilidade dos passageiros para viajar fora dos períodos de férias e falta de condições climáticas favoráveis em quase metade do ano.

Portanto, para que essas duas metas possam ser alcançadas, falta combinar com os patrões, para que as férias aos seus funcionários não coincidam com as férias escolares, combinar com esses funcionários, para que aceitem ter férias em períodos diferentes das de seus filhos e, finalmente, combinar com São Pedro, nossos vizinhos argentinos e chilenos, os pinguins da Antartida e com o El Niño, para que o sol brilhe forte, faça calor, não chova muito, vente menos e o mar fique mais calmo.

Apesar de tudo isso, as viagens de navio continuarão se expandindo e consolidando no Brasil. Quase que com certeza, com um crescimento menor, mas estável. Com o tempo, acredito que teremos cruzeiros na costa brasileira o ano todo, sim. Mas limitados a um ou dois navios pequenos ou médios. Portanto, mesmo assim, será um mercado quase que de nicho, no qual não é muito fácil imaginar as grandes empresas de cruzeiros.

Se os cruzeiros pela costa brasileira ainda vão demorar um pouco para se tornarem realidade, no que diz respeito aos cruzeiros fluviais, segmento em expansão em todo o mundo, a realidade é outra. Já existe uma empresa de cruzeiros que já opera no Brasil o ano todo: a Iberostar, que oferece cruzeiros fluviais de qualidade na Amazônia doze meses por ano.

O que ainda não há são as levas de passageiros dos cruzeiros marítimos, principalmente em função da dificuldade de acesso e dos preços dos cruzeiros. De qualquer modo, esse é um segmento que tem todas as condições para crescer, pouco afetado por sazonalidades e sem depender muito de grandes investimentos. Rios navegáveis e atrações é que não faltam.

Você concorda? Eu gostaria muito de saber qual é a sua opinião.

O Editor

 

– Leia também a notícia com os comentários do CEO da MSC Cruzeiros na editoria Mundo dos Cruzeiros