O CEO da MSC Cruzeiros, Pierfrancesco Vago

“O Brasil certamente poderia ser considerado como destino dos cruzeiros marítimos para o ano todo desde que as dificuldades técnicas que envolvem a política de turismo no continente sejam solucionadas satisfatoriamente”. A opinião é do CEO da MSC Cruzeiros, Pierfrancesco Vago, que veio ao Brasil para participar dos eventos Seatrade e Cruise Day, em São Paulo. Segundo a empresa, o setor que tem grandes chances de crescer consideravelmente na América do Sul.

O significativo crescimento da indústria na temporada de 2010/2011 é um novo recorde para o mercado, com seis armadoras operando vinte embarcações e o equivalente a aproximadamente 800.000 hóspedes embarcados. Só a MSC Cruzeiros trouxe ao país quatro navios, transportando 298.400 cruzeiristas e lhe garantindo 38% de participação no mercado.

Os números alcançados pelo mercado brasileiro, mesmo operando apenas metade do ano são bastante significativos, a ponto de garantir ao país o terceiro lugar no ranking mundial. Mas os armadores querem ainda mais: segundo Vago, “é de vital importância que o diálogo entre as empresas de cruzeiros, as autoridades responsáveis e os tomadores de decisão seja estreitado para garantir que a América do Sul seja um dos mercados a crescer mais rapidamente no segmento”.

Mas, segundo ele, a expansão do setor pode estar em risco devido a inúmeros fatores como as leis e normas não bem definidas; falta de incentivos competitivos para operar em determinados terminais de passageiros; infraestrutura portuária deficiente e altos custos operacionais. Dessa forma, os cruzeiros no continente acabam sendo os mais caros do mundo, quando na Europa, por exemplo, os hóspedes demoram muito menos para embarcar nos navios e têm mais comodidade.

O raciocínio da empresa vai mais longe, argumentando que o Brasil possui um extenso litoral que ainda pode ser muito explorado, com 7.408 quilômetros e 17 estados do país banhados pelo mar, o que poderia alavancar ainda mais o mercado de cruzeiros. E conclui: “o Brasil certamente se tornará um destino líder o ano todo se houver diálogo sobre essas questões com todos aqueles que desejam participar e incrementar a economia das cidades em que os navios fazem e ainda podem fazer escalas. Se mesmo com esses problemas, os impactos econômicos (diretos e indiretos dos armadores e cruzeiristas) foram de R$ 1,3 bilhão, segundo estudo realizado pela Fundação Getúlio Vargas, podemos concluir que com uma maior infraestrutura e melhores acordos para pagamento de taxas portuárias e outros serviços, o país com certeza seria um dos grandes destinos do mundo nesse quesito”.

Leia também “O Brasil pode mesmo ser um destino de cruzeiros marítimos o ano todo” na nossa editoria de Opinião.